Informações
Título: Garota, Interrompida
Título Original: Girl, Interrupted
Saga/Livro Único: Livro único.
Data de Publicação: 1993
Autor(a): Susanna Kaysen
Editora: Única
Páginas: 190
Avaliação por Estrelas: ✰✰✰✰ (4 estrelas)
Sinopse
Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Keysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era algo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é sanidade? Garotas interrompidas.
Resenha
“Transtorno de personalidade limítrofe: uma das características desse transtorno é um padrão invasivo de instabilidade da autoimagem, das relações interpessoais e do estado de espírito e que se manifesta no início da idade adulta e em diversos contextos.”
Conheci Garota, Interrompida por indicação de uma escritora que admiro muito, então não poderia falar do livro, sem cita-la: Giovanna Rubbo e suas magnificas histórias, pela qual sou apaixonada desde que encontrei Diário de uma Bad Girl por acaso e comecei a ler e fiquei viciada. :)
Garota, Interrompida é, na minha opinião, um relato, uma autobiografia de Susanna sobre seus dois anos de internação em um hospital psiquiátrico. Achei a narrativa bem leve e fácil, (e além de tudo é um livro bem curto, li ele todo em um dia) mesmo que o assunto seja pesado e denso, Susanna teve um jeito muito incrível de contar sua história: indo direto ao ponto.
Uma coisa muito boa que eu percebi nesse livro e sobre a qual não vi ninguém falando e nem sei se é certo falar mas vou falar mesmo assim: Susanna narra sua história de forma direta, até meio fria/crua, sem ficar fazendo drama (aaah, deus como sofri e sou a mais sofredora do mundo, blablabla). Ela ficou dois anos internada, foi bom? Claro que não. Mas achei super legal o fato de que no livro ela simplesmente nos "contava" sobre suas experiencias sem drama, sem choro, ela apenas contava e ponto.
Cada capítulo tinha nomes como Fogo, Ronda, Guardiãs, etc, e neles Susanna escrevia sobre como eram suas diferentes experiencias no hospital. Por exemplo, em Fogo, ela fala sobre Polly, que foi uma garota que "colocou fogo" (não acho palavras melhores) em si mesma. Eu particularmente fiquei muito tentada para descobrir o que aconteceu com Polly para ela sentir tanta raiva de si a ponto de querer se matar queimada, mas Susanna não revela isso no livro (e tenho uma leve suspeita de que talvez ela também não saiba, porque ela escreveu no livro [tem um quote abaixo sobre esse trecho] que ninguém tinha coragem de perguntar isso a Polly).
No capitulo Ronda, outro exemplo, Susanna nos conta como eram as rondas das enfermeiras, que viviam vigiando as garotas, para ter certeza de que estava tudo bem.
Achei o livro um pouquinho confuso no começo, porque Susanna "entra de cabeça no hospital" (não encontrei palavras melhores, de novo). No começo não sabemos exatamente o que ela tem e porque será internada, mas no decorrer do livro isso é explicado.
O único problema do livro, que me fez não dar a ele cinco estrelas e o adicionar aos meus favoritos foi seu tamanho. Acho que a Susanna deveria ter escrito mais sobre suas "experiencias" no hospital, deveria ter escrito mais sobre Lisa (minha personagem preferida do livro e que na minha opinião não "apareceu" vezes o suficiente no livro), acho que o fato de ela ir sempre "direto ao ponto" foi muito bom, mas ao mesmo tempo foi ruim, porque ela não se aprofundou muito em nada. Ela escreveu um capítulo sobre cada coisa que "achava interessante" e ponto. (Achava interessante bem entre aspas mesmo, porque não acho que ela tenha realmente feito isso, acho que ela escolheu bem sobre o que deveria ou não escrever e escreveu). Acho que foi isso que eu senti e por isso não dei cinco estrelas. Eu senti que faltou algo, que ela deveria ter se aprofundado, pelo menos um pouco mais, na própria história e deveria ter escrito mais algumas páginas.
Minha única critica negativa a respeito do livro é resumidamente: ela deveria ter escrito um pouco mais sobre como era no hospital, seu tratamento, sobre Lisa (que merece bem mais destaque do que teve, porque, afinal de contas, Lisa foi uma personagem incrível, merecedora de muuuita atenção). Mas no restante, o livro é incrível. Maravilhoso.
Amei a edição do livro, a capa é linda, vocês (que não tem a edição física do livro e só veem a foto) não conseguem ver, mas eu tentei tirar uma foto do meu e se reparem tem tipo umas palavras pela capa toda, não sei bem como explicar, da para ver na foto ao lado (cliquem para ampliar), eu achei muito legal isso, porque quando peguei o livro nas mãos pela primeira vez, não sabia disso e achei muito legal. A edição desse livro é ma-ra-vi-lho-sa, sério, amei mesmo. Amei tanto que tive que falar isso nessa resenha (reparem bem porque eu nunca falo de edição de livro nenhum, hahaha).
“Seria a insanidade uma simples questão de parar de fingir?”
"O que éramos, afinal, que todos sabiam tão depressa e tão bem?"
Trechos do Livro
"Por que fizera aquilo? Ninguém sabia. Ninguém se atrevia a perguntar. Afinal, que coragem!" — Susanna sobre Polly, Capítulo FOGO, página 22.
"- Você viu a Polly?
- Não vou fazer o serviço que é seu - rosnava Georgina.
Estalo, clique." — Capítulo RONDA, página 68.
"Uma de suas tiradas era ótima. Volta e meia, alguma pessoa cheia de privilégios, autorizada a deixar o hospital de táxi, pedia: "Jerry, me chama um táxi". "Táááxi", chamava Jerry, sem sair do lugar. Nós adorávamos. " — Capítulo GUARDIÃS, página 96.
"- Será que você não percebe a diferença? - rosnou para Cynthia. - Se ele precisa ser amordaçado, é porque eles têm medo de que as pessoas acreditem no que ele diz." — Lisa, capítulo MIL NOVECENTOS E SESSENTA E OITO, página 107.
Nenhum comentário:
Postar um comentário